domingo, 24 de maio de 2015

Ufc - Weidman x Belfort e os Brasileiros

   Hoje ocorreu a disputa de cinturão entre o Chris Weidman e o Vitor Belfort. E a vitória foi do Weidman, após ele levar o Belfort para o chão, ficar por cima e castiga-lo até o juiz terminar a luta. E o que isto tem a ver com este blog? Bem vamos lá...
   Desde pequeno, mesmo antes de começar a aprender música, sempre fui fã de filmes de Kung fu, apesar de nunca ter levado nenhuma arte marcial a sério nos momentos em que pratiquei alguma, sempre fui bastante interessado nelas. Quanto ao UFC eu cheguei a assistir os primeiros em VHS quando ainda eram apenas combates entre artes marciais para ver qual era a mais eficiente. Nestes primeiros eventos, onde todas as lutas aconteciam em apenas uma noite, fazendo com que o campeão chegasse a lutar 3 vezes em uma noite em lutas que podiam demorar muito mais do que as de hoje. Neste período o Jiu Jistu brasileiro foi extrememante dominante (o que era o principal objetivo do idealizador do evento), então os lutadores brasileiros foram alçados aos postos de melhores do mundo. Depois destes primeiros eventos eu parei de acompanhar o UFC e voltei a acompanhar um pouco mais após a luta entre Anderson Silva e Demian Maia.
   Dentre as artes marciais eu nunca me interessei muito nas em que o foco principal é a queda e o trabalho de chão, portanto o jiu jitsu nunca me instigou a estuda-lo. Falo isso para deixar claro que o posionamento que darei aqui será de um leigo na referida arte.
   Vitor belfort, um veterano do evento, e um faixa preta no jiu jistu brasileiro a um longo tempo, ou seja um brasileiro que teoricamente dominou (faixa preta) uma arte brasileira (Jiu Jitsu brasileiro[JJB]).
   Chris Weidman, 7 anos mais novo do que o Belfort, quando o belfort foi o mais novo campeão do UFC aos 19 anos ele ainda estava na puberdade. Nesta época o Vitor já era faixa preta em JJB, conseguida sob a tutela de um dos membros da Família Gracie, a criadora do estilo. O Weidman veio do wrestlng e pegou a sua faixa preta apenas a pouco tempo (também com um mestre da família Gracie). E a luta foi decidida no chão, quando o Belfort não conseguiu defender a queda, após castigar o Weidman com alguns golpes certeiros, inclusive fazendo o campeão sangrar. No chão ele não conseguiu sair da guarda do Weidman e sofreu com o Ground and pound (quando um lutador que está por cima, na guarda, desfere potentes socos ou cotoveladas no adversário no chão).
  O Belfort foi considerado dominador da arte suave [JJB] pelo menos 20 anos antes do Weidman, pelos mesmos mestres, ele teve duas décadas a mais para aperfeiçoar a técnica e mesmo assim caiu em um campo onde teoricamente ele teria mais domínio.
   Aonde quero chegar com isto? O costume que temos no Brasil de "fazermos a fama e deitaramos na cama" O JJB foi arrasador no início porque era desconhecido dos praticantes de outras artes marciasa, portanto não existiam técnicas de defesa para ele. Quando os eventos se tornaram MMA (Mixed martial arts - artes marciais mistas) todos começaram a treinar não apenas uma, mas várias artes e sempre entre as artes treinadas estava lá o JJB, ou seja passou de surpresa para padrão, enquanto isso os lutadores brasileiros sempre com a fama de grandes mestres nesta arte. Mas um problema que temos em nossa cultura é o nosso costume de ser aperfeiçoar constantemente é praticamente zero. Ou seja os lutadores continuaram se vangloriando da fama, mas cada vez mas são ultrapassados por lutadores de outras nacionalidades, que estudaram os Brasileiros e se preparam seriamente para enfrenta-los.
   Nós Brasileiros temos o péssimo hábito de quando chegamos no topo achar que a fama vai nos manter por cima, ou as vezes simplesmente gostamos de ter, e manter, a fama, mesmo que ela seja injusta. E neste comportamento errôneo deixamos de lado dois fatores importantes em qualquer área da vida: Planejamento e estratégia. 
   Após a luta relâmpago a impressão foi de que o Weidman se preparou estudando o Vitor, descobrindo o seus pontos fracos e montando estratégias de luta. Enquanfo o Belfort fez um planejamento baseando-se em seus pontos fortes e ignorando a possibilidade de cenários negativos, ou seja ele até chegou a realizar um planejamento, mas este seria superficial, contando que tudo daria certo e o seu plano "A" seria contundente, daí a não necessidade de outras estratégias.
   Agora vem o porquê eu achar que isto tem relação com a música. Na música também temos a fama de termos (alguns dos) melhores músicos do mundo. O problema é que muitos músicos que alcançaram grandes conceitos parecem que decidiram que ali já estava bom, que sua fama iria sustent-los, e parece que pararam no tempo, decidiram que não era mais necessário estudas e se aperfeiçoar. 
   Poucas semanas atrás o guitarrista Kiko Loureiro foi anunciado como o novo guitarrista do Megadeth, uma das maiores bandas de metal do mundo, e com isso voltou um pouco da aura de que  os Brasileiros são os melhores e blá blá blá... Acontece que se você for estudar a história do Kiko Loureiro ele tem um perfil que em nada se parece com de um Brasileiro. Lá fora os Brasileiros são conhecidos por sua criatividade e espontaneidade, mas também pelo seu "apreço" pelo atraso e descompromisso... O Loureiro foi um cara que sempre procurou continuar se aperfeiçoando, mesmo estando em uma posição onde a maioria se daria por satisfeita e decidiria estar no ápice, sendo desnecessário o aprimoramento, uma condição que inexiste, principalmente no campo da música.
   Agora com o Kiko no Megadeth também surgiu a onda de que o mundo vai reconhecer os grandes talentos nacionais e que temos "os melhores músicos do mundo".  Só que temos que parar de querer a fama, mas não trabalhar para mantê-la. Alguns dos melhores músicos do mundo estão aqui no Brasil, na Argentina, nos Estados Unidos, no Canadá, no México, na Jamaica, no Reino Unido, na França, no Japão, na Coréia do Sul,... Já deu para entender né? O que vai nos fazer estar entre os melhores não é um fator mágico que temos por sermos Brasileiros, mas sim nosso esforço, foco, presistência e resiliência. Temos que aprender a planejar e criar estratégias para as mais adversas situações, ao contrário do que pensamos aqui isso não poda a criatividade, mas abre espaço para ela ser utilizada em mais áreas e situações.

Até!  

Nenhum comentário:

Postar um comentário